quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

"Como gasto papeles recordándote, como me haces hablar en el silencio..."

"y como pasa el tiempo que de pronto
son años sin pasar tú por mi, detenida..."


Não vou falar de saudade, tampouco de você. Foi tão difícil noutros tempos, aquela parte amputada que ainda se mexia. Fazer renascer esse pedaço, regenerar esse órgão, doeu, mas “Já passou, já passou [...] me pegou de mal jeito, mas não foi nada, estancou”.

Bem perto daqui eu revi um lugar e recompus na mente cenas diversas. Não revivi, não dá, nem quero.

Não pensem que posto aqui uma melosidade sentimentalóide Emo. Não é a minha, vivo no bonde da felicidade, e se não der mais, desço... pego tantos outros quanto precisar, mas é em cada parada que recorro aos discos do Silvio Rodriguez ou a um bolero de Célia Cruz, pra curtir a falta de um bom amor ou sentir saudade de sei lá o que.

Tenho saudade de tudo, mas não perdi nada. Não choro a perda, mas a presença. Está em mim, nos atos, nos sonhos... Está longe, mas está viva. Ouvi que saudade também é feita de presença, de todas as pessoas que não perdi, mas não encontro. Estou longe porque as tenho forte em mim, e posso ir mais longe ainda, porque além de mim há em mim um pouco de cada uma.

"[...] y si no no apareces
no me importa
yo te doy una canción."


* Silvio e Chico, obrigado pelas poesias, pelo embalo das canções!

Um comentário:

Moni Saraiva disse...

Escrever coisas desse tipo te suprime veementemente o direito de tirar esse negócio aqui do ar!

- Proíbo. E tenho dito!

Sério, Pablim...Estivesse eu ainda em sala de aula e usaria, sem sombra de dúvida, esse texto, junto a "Pedaço de Mim" e a " A Um Ausente" como inspiração/base para os meus alunos discorrerem acerca da saudade, tema que sempre adorei trabalhar. Já pensou? Fonte: Chico Buarque, Carlos Drummond de Andrade e Pablo Garcia...rs
O primeiro na saudade dramática, inconformada e doída, o segundo na saudade sentida e culpada, apontada de dedo em riste e o terceiro, na saudade verdadeira, cotidiana e traduzida em prosa, de tal maneira "encaixável", que cabe como número perfeito em qualquer um de nós. Basta um pouco de racionalidade... Aliás, outro grande feito: aliar saudade à racionalidade.

Tá vendo, "meu fi"... Dá pra parar não. E não julgue nada do que é escrito pela associação com as tuas vivências diárias. Literatura tem uma ação antinflamatória. Age diretamente nas diferentes ardências de cada um...

Simoneeeee!!! Lê esse texto e abre um sorisooooo!!!

Tá lindo, Pablim, lindo, lindo!

Beijos!