quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Um Dia de Ziraldo e Causos

A começar pela afirmação de que não existe "o lindo céu azul pequeno" ou "a bela grama verde pequena", mas sim a grama verdinha, que por si só, e em diminutivo, é bela, e o céu azulzinho que em contraponto é na verdade um grande rio azul, arrebatador, visão que liberta tanto quanto a maravilha da pergunta, o passo adiante.

São tantas as histórias em mundos pequenos na casca, enormes por dentro, feito crianças, meninos que vêm de planetas, firmes como rocha, mas quentes no interior e meninas que vêm de estrelas, porque o brilho é eterno na mulher. Crianças são frutos de calor interno e brilho resplandescente.

"(...) e quem nos conta essa história é o menino da história", que fez do lápis um pincél, quando pintou a frase:

"A palavra é o ovo, mas por dentro está cheia de clara vida"

continua...

Um comentário:

Anônimo disse...

Adoro esse texto do Ziraldo (tá, eu “pago pau” pelo Ziraldo, assim como pago pro Millor, o pai do vocábulo “saite”! Espetacular!)

Esse texto remete (e, de fato, me remeteu ) imediatamente a esse poema ( batido já, de tão conhecido e comentado, mas nunca menos genial) do Drummond:

“Lutar com palavras
É a luta mais vã.
Entanto lutamos
mal rompe a manhã.
São muitas, eu pouco.
(…)
Lutar com palavras
parece sem fruto.
Não tem carne e sangue
Entretanto, luto.
Palavra, palavra
(digo exasperado),
se me desafias,
aceito o combate.
(…)
Já vejo palavras
em coro submisso,
esta me ofertando
seu velho calor,
outra sua glória
feita de mistério,
outra seu desdém,
outra seu ciúme,
e um sapiente amor
me ensina a fruir
de cada palavra
a essência captada,
o subtil queixume.
Mas ai! É o instante
de entreabrir os olhos:
entre beijo e boca,
tudo se evapora.
(…)
O teu rosto belo,
É palavra, esplende
na curva da noite
que toda me envolve
(…)”

Eu, apesar de sempre ter lido muito, muito mesmo, tenho uma dificuldade incrível nessa luta contra a palavra. Perco a batalha. Perco o que quero dizer, por não encontrar a maneira de me expressar, a palavra que cabe – ou que comporta – meu sentimento. Por isso fico assim, embasbacada, com quem consegue levar este duelo à diante.

Pablim, seu caminho não é só de partituras é, também, de palavras.

Invejo pra “poooouuuurra”! ;)
Mas, mais que isso, admiro pra sempre.